a VIDA triunfou

Abril 27, 2011 § Deixe um comentário

A Páscoa cumpre-se sempre que a vida triunfa e nos surpreende já aqui e agora, na terra, sob este sol e no mistério da vida normal.

Hoje, há uma pessoa muito querida que, depois de enfrentar o êxodo, está muito feliz.

estrela-do-mar ou a canção do José e da Maria

Março 20, 2011 § 1 Comentário

O coração é um instrumento de corda. Há acordes que ressoam de um modo mais intenso.

Os acordes desta música soam a encanto, a mistério, a embalo nas ondas do mar.

Há algum tempo mudei-lhe o nome para a “canção de Maria”, mesmo sem saber como começou a ser chamada de Estrela-do-Mar ou Stella Maris. Nestes dias, descobri também a voz de José:

Não sei se era maior o desejo ou o espanto
mas sei que por instantes deixei de pensar
uma chama invisível incendiou-me o peito
qualquer coisa impossível fez-me acreditar

Sem espalhafato, sem nada de extraordinário, sem certezas.

Quando tentaram perceber de onde vinha a sabedoria das tuas palavras, perguntaram entre si: “não é este o filho de José?”, homem como nós.

Mais tarde, pediram-te: “mostra-nos o Pai”. Perguntaste, surpreendido, como ainda não o conheciam, porque quem te vê, vê o Pai.

Hoje, no teu rosto e nas tuas palavras quero ver o Pai. Aquele que está do lado de fora, pronto a correr para lançar-se e calar as desculpas do filho num abraço.

Hoje, no trabalho escondido, nas horas ordinárias quero ver o Pai. O único mistério que quero conhecer é o da tua vida vulgar, que te abriu os ouvidos para escutares o Pai, que te abriu os olhos para mergulhares na nossa alma, que te treinou as mãos para não teres medo de tocares nas nossas lepras, que te treinou as pernas para andares incansavelmente ao nosso encontro.

Como começou tudo isto?

Num brilho mais forte, numa vigília, na solidão ao relento e exposta. No cansaço que leva ao sono, até que a suavidade e o beijo nos fazem acordar.

O que aconteceu depois?

Em silêncio trocámos segredos e abraços
inscrevemos no espaço um novo alfabeto

E ambos deram vida a essa palavra e viveram por ela e com ela, no meio das coisas simples, numa história igual à do Jorge e da Manuela, ou do Rui e da São.

Quando eu quiser fugir para as nuvens e para o lugar das certezas, leva-me para a beira-mar, onde a areia parece barro, onde tudo pode recomeçar, onde as estrelas cabem mesmo na minha mão.

 

uma carta escrita nos nossos corações

Março 17, 2011 § Deixe um comentário

Este é o primeiro post.

No dia 20 de Fevereiro de 2011 senti a vontade de começar a mandar postais. Há tanto que gostaria de dizer e não digo. Calo, não escrevo, não exprimo, à espera do momento oportuno ou da conjugação de vários factores que permitam encontrar um sentido.  Desisti de esperar pelo sentido e pela coerência. O primeiro nome e conceito para este blog foi o de «post.all», um espaço através do qual poderia mandar postais a todos os que se cruzam na minha vida, presentes e ausentes. Cobardia? Sure! That used to be my middle name! Já comecei a mudar. Afinal, a pessoa a quem tenho dirigido postais anteriores, sente-se bloqueada no momento de responder.

Cedo à revolta e ao instinto de, por uma vez, não me conformar com o silêncio.

O nome do blog, que parece muito pretensioso, constitui o meu manifesto, a razão do desprendimento que procuro em todas as áreas da minha vida:

1Vamos começar de novo a recomendar-nos a nós mesmos? Ou temos necessidade, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou da vossa parte?

2A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. 3É evidente que sois uma carta de Cristo (…) escrita não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações. 2 Cor. 3, 1-3

É o que procuro: diminuir a necessidade de palavras, para que a vida fale do mais importante.

Porque motivo escolhi a renda de bilros? Há alguma actividade que se pareça mais com a vida? Dedilhar, tocar, entrelaçar, tecer, marcar, alfinetar, sentir que as mãos e os dedos não chegam, parar, desfazer, recomeçar?

É provável que apareça um resumo/tradução em Inglês. Porquê? Porque sim.

Where Am I?

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